quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Sistema racista e eurocêntrico continua fazendo vítimas!..

Clareamento da pele é problema na Jamaica!

DAVID MCFADDEN
Agência Estado, Kingston

Mikeisha Simpson cobre seu corpo com um gorduroso creme branco e veste um agasalho de corrida para evitar o sol da sua Jamaica natal, mas ela não está preocupada com o câncer de pele. A moradora de 23 anos de um gueto de Kingston espera transformar sua pele escura no tom café com leite,comum entre a elite jamaicana e preferida por muitos homens da vizinhança. Ela acredita que uma pele mais clara pode ter o passaporte para uma vida melhor. Então, ela gasta suas escassas economias em misturas baratas vendidas no mercado negro que prometem reduzir a pigmentação.
Simpson e suas amigas desdenham das campanhas públicas de saúde e dos sucessos de reggae que condenam a prática. Eu ouço as pessoas que dizem que o clareamento é ruim, mas não vou deixar de fazer. Não vou parar porque eu gosto e eu sei como fazer de uma forma segura”, disse Simpson, com sua filha pequena no colo.
Pessoas em todo o mundo costumam tentar alterar a cor de suas peles usando máquinas de bronzeamento artificial para escurecer ou produtos químicos para clarear. Nas favelas da Jamaica, médicos dizem que o fenômeno do clareamento da pele atingiu proporções perigosas. ‘Eu conheci uma mulher que começou a clarear a pele de seu bebê. Ela ficou muito irritada quando eu disse a ela para parar aquilo imediatamente e ela foi embora. Eu costumo me perguntar o que aconteceu com aquele bebê”, disse o dermatologista jamaicano Neil Persadsingh. A maioria dos jamaicanos clareia a pele com cremes sem prescrição, muitos deles cópias piratas importadas da África Ocidental. O uso por tempo prolongado de um dos ingredientes desses cremes, a hidroquinona (ou quinol) é ligado a uma disfunção chamada de ocronose, que causa manchas escuras ná pele. Médicos dizem que o abuso de loções de clareamento também deixou uma teia de estrias nos rostos de alguns jamaicanos.

Venda proibida!!!

No Japão, União Européia e Austrália, a hidroquinona foi proibida em produtos para a pele vendidos sem receita e substituida por outros produtos químicos, em razão de temores sobre seus riscos. Nos Estados Unidos, cremes vendidos sem receita são considerados seguros e eficazes pela agência de Alimentos e Drogas (FDA, pela sigla em inglês) quando contém até’ 2% de hidroquinona.
Uma proposta da FDA em 2006 para proibir o componente não foi adiante. Cremes de clareamento não são efetivamente regulados na Jamaica, onde até mesmo vendedores em estradas vendem tubos e sacos plásticos de pós e pomadas em caixas de papelão colocadas ao longo de calçadas em bairros comerciais. “A maioria desses tubos não têm rótulo e não trazem os ingredientes que compõem seu conteúdo”, disse o doutor Richard Desnoes, presidente da Associação Dermatológica da Jamaica. Pessoas que pegam mais “pesado” usam pomadas ilegais, contrabandeadas para o país caribenho, que contém elementos tóxicos como mercúrio, um metal que bloqueia a produção de melanina, que dá a côr à pele. Pessoas mais pobres recorrem a misturas feitas em casa com pasta de dente ou cutry, que podem deixar a pele manchada de amarelo. O Ministério da Saúde da Jamaica não tem dados sobre os danos causados por agentes clareadores, embora dermatologistas e outros funcionários da área da saúde digam que têm visto mais casos. Eva Lewis-Fuller, diretora do ministério para promoção e proteção à saúde, está redobrando os programas educativos para combater o clareamento neste país de pele predominantemente negra de 2,8 milhões de pessoas, onde as de pele clara predominam nos comerciais.

 Opinião...

Por aqui a coisa não é diferente, e ainda tem gente que fala assim: " Como acabar com o racismo se os próprios pretos querem ficar brancos?!"
Realmente, ignorância gera ignorância!!!
Todos nós pretendemos nos igualar a esse padrão de beleza branco-europeu que o sistema racisto e eurocêntrico nos impõe, sem dúvidas é necessário programas educativos para combater o clareamento e alertar a população sobre os danos causados pelo uso desses medicamentos, mas, mais do que isso é primordial promover a valorização da identidade negra e fomentar o debate sobre esse sistema racista e eurocêntrico no qual estamos sujeitos e sendo cada vez mais vitimizados!  

Jaciede Rodrigues Silva.

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