sábado, 6 de março de 2010

Cotas são "causa democrática", diz Thomaz Bastos.


Marina Morena Costa, iG São Paulo
Para Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, as cotas raciais são uma forma de superar a discriminação racial. “A política de reserva de vagas no ensino superior caminha nesse sentido. É uma causa democrática”, afirma o advogado, que defenderá as cotas no Supremo Tribunal Federal (STF).
A pedido do ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Thomaz Bastos aceitou colaborar com a defesa e prestar consultoria jurídica em todas as etapas do julgamento das três ações que contestam a constitucionalidade das cotas e das ações afirmativas.
Em entrevista concedida ao iG, o ex-ministro afirmou que não irá cobrar por seus serviços por entender que a causa é de “relevante interesse público”. Thomaz Bastos vê o tema como uma das pautas mais importantes do STF. A decisão da corte pode estabelecer jurisprudência e influenciar o Senado na votação de projetos de lei que criam cotas sociais e raciais em instituições públicas de ensino superior.
“O julgamento das ações relacionadas ao tema pelo Supremo pode fazer com que o Congresso examine a questão com outros olhos. Uma vez entendida como constitucional, a política de ação afirmativa por meio de cotas pode ganhar um novo impulso político”, afirma.
Thomaz Bastos adianta que a defesa destacará a diferença entre as cotas raciais e sociais, ponto bastante discutido entre os críticos da reserva de vagas por etnia. “A política que tem como enfoque apenas a superação das distinções socioeconômicas pode não ser suficiente para resolver o antigo problema da discriminação, do preconceito e do racismo.”
Leia a entrevista com Márcio Thomaz Bastos:

iG: O senhor foi procurado pelo movimento a favor das cotas para defender a ação no Supremo Tribunal Federal? Como surgiu a ideia de defender o caso?
Márcio Thomaz Bastos: Fui procurado pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Edson Santos, para ajudar na defesa. Pretendo atuar na causa, junto com outros advogados, porque considero que esse é um dos temas mais importantes em pauta no Supremo Tribunal Federal. A superação da discriminação racial no Brasil exige uma resposta positiva do Estado de Direito. A política de reserva de vagas no ensino superior caminha nesse sentido. É uma causa democrática.
iG: Por que o senhor optou por defender o caso? Tem alguma razão pessoal ou simpatia pela causa?
Márcio Thomaz Bastos: A política de cotas para negros é um dos meios de pagamento de uma dívida histórica. Não se trata apenas de simpatia pessoal, mas também de assumir uma postura ativa, como cidadão, frente às sequelas deixadas pela chaga da escravidão. O preconceito racial tem origens históricas que ecoam no presente. Colabora para dificultar o acesso de parcela importante do povo brasileiro a uma série de direitos constitucionalmente assegurados, entre os quais está a educação. Ter oportunidades reduzidas de cursar o Ensino Superior significa ter um leque também reduzido de opções no mercado de trabalho e, sobretudo, significa não participar da produção do conhecimento científico do País.
iG: O senhor não cobrará pelos seus serviços? Por quê?
Márcio Thomaz Bastos: Não, não cobrarei pelos meus serviços profissionais porque entendo que essa é uma causa de relevante interesse público. Tenho a convicção de que o advogado é, antes de tudo, um cidadão. Tem um papel social a cumprir. Tenho procurado manter essa linha de princípio ao longo da vida: na presidência da OAB, quando fui Ministro da Justiça, na acusação dos assassinos de Chico Mendes.
iG: A criação de cotas raciais é um projeto que tramita no Congresso há mais de dez anos. O senhor acredita que as cotas serão aprovadas quando?
Márcio Thomaz Bastos: Há projetos de lei que tratam da reserva de vagas para alunos provenientes da rede pública de ensino, dando prioridade para negros e índios. A proposta do Estatuto da Igualdade Social pretende legitimar as chamadas ações afirmativas. É difícil prever quando as cotas serão aprovadas, porém é possível afirmar que o julgamento das ações relacionadas ao tema pelo Supremo Tribunal Federal pode fazer com que o Congresso examine a questão com outros olhos. Uma vez entendida como constitucional, a política de ação afirmativa por meio de cotas pode ganhar um novo impulso político.

iG: Os argumentos contrários a criação das cotas raciais são muito fortes. A defesa da cota social, no lugar da racial, é bastante endossada. O senhor pode adiantar qual será a linha de defesa?
Márcio Thomaz Bastos: A política de cotas é uma das estratégias para enfrentar o problema da desigualdade. No Brasil, ele não é apenas econômico, mas também cultural, isto é, reflete-se no plano simbólico das crenças, práticas e costumes da sociedade. Pesquisas recentes mostraram índices de escolaridade, renda e trabalho menores em relação aos negros pobres quando comparados a outros segmentos sociais menos favorecidos. Na última década, foram conquistados avanços na área da educação. Em números brutos, aumentou o número de estudantes cursando o ensino básico, bem como o tempo de permanência na escola. Dados do Ministério da Educação indicam, todavia, que a distância entre brancos e negros se mantém ao longo dos anos. Ou seja, a política que tem como enfoque apenas a superação das distinções socioeconômicas pode não ser suficiente para resolver o antigo problema da discriminação, do preconceito e do racismo.

Debate sobre COTAS no Supremo Tribunal Federal.



O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou, nesta sexta-feira, um ciclo de debates sobre a reserva de vagas universitárias para estudantes negros.
Foram três dias de audiências públicas: 45 pessoas participaram, 28 falaram a favor das cotas raciais nas universidades públicas, 14 contra e três foram neutras. O desequilíbrio provocou uma reclamação do Democratas na semana passada.
O Supremo Tribunal Federal promoveu o debate porque terá que julgar uma ação do Democratas contra o sistema de cotas da Universidade de Brasília (UNB). Na UNB, uma comissão decide, por foto ou entrevista, quem pode ser classificado como negro, pardo ou branco.
O Supremo também vai julgar outra ação, contra a política de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que combina dois critérios: alunos que fizeram o ensino médio em escolas públicas e a cota racial.
Mas o debate ficou concentrado na questão racial. No primeiro dia, falaram os representantes do governo, que defende as cotas. 


A secretária de Ensino Superior do MEC argumenta que essa política é uma forma de compensar as deficiências na educação básica dos negros.
“Existe uma distância histórica no campo da educação e essa distância se reproduz ao longo dos anos, quando comparamos os dados educacionais de negros e brancos. Portanto, isso esvazia um pouco a tese de que, para a inclusão dos negros, o ideal seria melhorar o ensino como um todo”, afirmou a secretária adjunta do Ministério da Educação, Maria Paula Dallari. 


O senador Demóstenes Torres contestou. Ele acha mais justo beneficiar os pobres em geral, com cotas sociais, que levem em conta a renda do aluno.
“Quem é discriminado no Brasil é apenas o negro? O negro é que é o alvo de toda a discriminação que nós temos? Ou será que o nosso problema é em relação ao pobre? Ou será que o nosso problema é em relação aquele que nada possui independentemente da sua cor?”, questionou. 


Apenas uma universidade que não tem cotas foi representada no debate. O representante da UNB fez um balanço positivo de programa. “Um dados recentes mais positivos que podemos trazer para essa audiência é a média do rendimento acadêmico dos alunos cotistas, que é praticamente a mesma dos estudantes que entraram pelo sistema universal”, declarou o professor da UNB José Jorge de Carvalho. 


O médico geneticista Sergio Danilo Júnior Pena disse que não se pode diferenciar os brasileiros pelo critério de raça por causa da grande miscigenação. “Raças não existem. Cores de pele existem, mas são coisas diferentes, e não devem ser confundidas nem misturadas em nenhum tipo de discurso. Praticamente todos os brasileiros têm as três raízes ancestrais presentes”. 


A plateia, com muitos representantes de movimentos sociais, acompanhou as audiências em silêncio. Dos 11 ministros do Supremo, 2 estavam no plenário. Mas, segundo o ministro Lewandowski, os outros puderam assistir aos debates por circuito interno de TV.
A decisão sobre cotas, que ainda não tem data marcada no Supremo, será uma referência para todas as universidades públicas. 


“Não há duvida nenhuma, se o tribunal, por exemplo, chegar à conclusão que as cotas são inconstitucionais ou a reserva de vagas são inconstitucionais, isto é uma decisão que valerá para todo o Brasil, para todas as universidades públicas federais e também estaduais. Se por outro lado, chegar à conclusão que não há conflito com a Constituição, eu tenho a impressão que estará aberta a porta para que as diferentes universidades brasileiras adotem algum tipo de política afirmativa com relação aos distintos setores sociais”, afirmou Lewandowski.

quinta-feira, 4 de março de 2010

II Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita.

Nos dias 08, 09 e 10 de março a Prefeitura de Paulo Afonso através da Secretaria de Turismo e a UNEB - Campus VIII estarão realizando o II Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita.
O evento acontecerá no auditório da UNEB. Na programação estão sendo apresentados mostra de fotografias de Maria Bonita e utensílios utilizados por ela e seu grupo, palestras, lançamentos de livros e exibição de filmes e documentários sobre o instigante tema cangaço.
A amostra será aberta para toda comunidade, durante os três dias e também é destinada aos alunos das redes municipal e particular de ensino.
Na abertura da programação, dia 08, serão lançados os livros Lampiões Acesos: o Cangaço na memória coletiva, de Marcos Edilson de Araújo e MARIA BONITA – diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço. Este último reúne textos de vários autores, apresentados durante o I Seminário, em março de 2009.
A organização desse livro é de João de Sousa Lima e Juracy Marques, que também assinam artigos publicados nesta edição, ao lado dos escritores Antônio Galdino, Edson Barreto e Rubinho Lima, membros da Academia de Letras de Paulo Afonso.
Para quem deseja participar do seminário, as inscrições estão sendo realizadas na UNEB e os 300 primeiros inscritos terão direito a um kit do evento.
Confira a programação, que acontecerá nas instalações do CDTA, na UNEB, Campus VIII em Paulo Afonso e participe! 
 
PROGRAMAÇÃO:

DIA 08/03/2010: 
 
8h às 17h  - Início da mostra cultural com visitação guiada dos alunos das escolas públicas e privadas e comunidade.
MOSTRA CULTURAL SOBRE MARIA BONITA:
Mostra de fotografias de Maria Bonita e seu grupo, utensílios e apetrechos usados na época e reportagens sobre o cangaço. Essa mostra será aberta a toda a comunidade, porém destinada principalmente à visitação guiada dos alunos, para que possam interagir, de forma mais crítica, com a nossa real história.
19h -
Abertura Oficial do II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO CENTENÁRIO DE MARIA BONITA com a presença de autoridades civis, militares, educativas e científicas.
• Presença da ex-cangaceira Aristeia Soares, ex-soldado da volante Teófilo Pires, Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha e dos Parentes de Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita: Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira.
21h -
Lançamento do livro: MARIA BONITA – diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço, referente ao I Seminário Internacional de Maria Bonita. Organização João de Sousa Lima e Juracy Marques
Lançamento do livro: Lampiões Acesos: o cangaço na memória coletiva Autor: Marcos Edilson de Araújo Clemente
21h30min - Merenda Sertaneja
22h - Apresentação Cultural 

DIA 09/03/2010:
08h - Exibição dos Filmes:
- A CASA DE MARIA BONITA (Direção Gilmar Teixeira e João de Sousa Lima).
- CANGACEIRO GATO: UM RASTRO DE ÓDIO E SANGUE (Direção de João de S.Lima).
- 70 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA (Direção Antônio Galdino e João de Sousa Lima)
• Após a exibição dos filmes haverá uma mesa redonda para debates sobre os temas abordados, com a presença dos diretores.
19h- MESA I: A ESTÉTICA DE MARIA BONITA: FOTOGRAFIAS, XILOGRAVURAS, MÚSICA, CORDEL, QUADRINHOS, CÓDIGOS LINGUÍSTICOS E INTERNET.
21h - Debate. 

DIA 10/03/2010 

8h - Visitação à Casa de Maria Bonita
10h - Diálogo com os familiares de Maria Bonita
19h - MESA II: DIFERENTES CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A VIDA DA RAINHA DO CANGAÇO. Debate.
21h - Entrega dos certificados aos participantes e merenda de encerramento. 

segunda-feira, 1 de março de 2010

Pedagogia Faz Arte!

Nesta quarta-feita (03/03/2010), às 19hrs no anexo UNEB - Campus VIII - Paulo Afonso BA (antigo IEPA), venha curtir: Dança, Teatro, Folclore, Pintura, Poesia, Músicas e Comidas Típicas no evento: PEDAGOGIA FAZ ARTE!


É imperdível, contamos com a presença de todos(as)!